sexta-feira, 29 de junho de 2007

EIS O JORNALE 1

O site de notícias Jornal (www.jornale.com.br) entrou em ação. Ontem, repórteres do diário eletrônico comandado por Roberto Bertholdo (aquele) já estavam em périplo pelas ruas cavando pautas.
O "Jornale" deve estrear na rede no dia 15 de julho e planeja uma versão impressa com distribuição gratuita para breve. O modelo é o mesmo do "Metro", publicado em 21 países da Europa, da América e da Ásia e que, no mês passado, foi lançado em São Paulo, numa associação do Grupo Bandeirantes de Comunicação com a Metro International.

EIS O JORNALE 2

A campanha do jornal em São Paulo foi marcada por uma perfomance inusitada. Modelos vestidas apenas com uma marca de lingerie patrocinadora do diário distribuíram o Metro em 300 pontos de São Paulo. Baba baby.

ALEGRIA, ALEGRIA

Serelepe e saltitante, o suplente tucano Luiz Malucelli Neto circulou ontem pela Assembléia para fazer o reconhecimento do local. Deve se abancar na vaga de Rui Hara, tão logo ele assuma a Secretaria de Governo da prefeitura.
Vale lembrar: Malucelli é o terceiro suplente na lista do PSDB. No ano passado, quando disputou uma cadeira na Assembléia não passou de 29 mil votos – pouco se considerada a pompa e circunstância da campanha.

PAUSA PARA A POESIA


Funeral Blues

W.H. Auden

Parem os relógios
Cortem o telefone
Impeçam o cão de latir
Silenciem os pianos e com um toque de tambor tragam o caixão
Venham os pranteadores
Voem em círculos os aviões escrevendo no céu a mensagem:
"Ele está morto"

Ponham laços nos pescoços brancos das pombas
Usem os policiais luvas pretas de algodão.
Ele era meu norte, meu sul, meu leste e oeste.
Minha semana de trabalho e meu domingo
Meu meio-dia, minha meia-noite.
Minha conversa, minha canção.

Pensei que o amor fosse eterno, enganei-me.
As estrelas são indesejadas agora, dispensem todas.
Embrulhem a lua e desmantelem o sol
Despejem o oceano e varram o bosque
Pois nada mais agora pode servir.

(1. Se você lembrou de um filme ao ler este poema, está corretíssimo. Ele foi estrela em "Quatro Casamentos e um Funeral" - uma bobagem inglesa com Hugh Grant e Andie McDowell. Só assim para conhecer Auden. 2. Ah, a conotação homossexual no poema é evidente. O "Ele" de Auden está mais do que explítico. No filme também. 3. Donde já não se fazem mais diálogos subliminares como antigamente. Houve tempo em que a polêmica em torno de Rick e Louis - "esse é o início de uma bela amizade" - Casablanca era tão fervorosa quanto a que trata se Capitu traiu ou não Bentinho).

GENTE FINA

Leomar Quintanilha (PMDB-TO), o patriota que preside o Conselho de Ética (ética, ética, ética!) é investigado pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Ministério Público sob a acusação de desvio de verba pública e sonegação fiscal.

Mais um pouquinho e vai dar em Odílio Balbinotti. Aquele (nosso) ministro da Agricultura que foi sem nunca ter sido.

RENAN @ O QUÊ?

Mais uma piada das que circulam na praça sobre o Caso Renan. Amigo vira para o outro e pergunta: "sabe qual é o email do Renan Calheiros?" Diante da resposta negativa, emenda: renan@maiscaradomundo.com. Quaquaquá.

DEU NO RADAR ON-LINE

"A família Silva promove neste sábado, às 20 horas, sua tradicional festa junina na Granja do Torto. Ministros e amigos estão sendo convidados. Beleza. Uma das diversões da festa será ver o professor Mangabeira Unger vestido de caipira, pulando fogueira e bebendo quentão. Algo como um marciano recém-chegado ao planeta Terra".

AJOELHA MINISTRA!

Os maldosos viram na prece da ministra Marta Suplicy (Turismo) dirigida à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, ontem em Curitiba, um caso de ação em “causa própria”. Vide: contra o “relaxa e goza”, ela “ajoelhou e rezou”.

Mais na coluna Toda Política desta sexta no JE.

AS MANCHETES DO DIA

JORNAL DO ESTADO
TC faz varredura nas contas de Requião
GAZETA DO POVO
92 cidades do Paraná ficam sem cobrança por minutos em julho
O ESTADO DO PARANÁ
Oposição cobra dados das contas do Paraná
FOLHA DE LONDRINA
Plano libera R$ 58 bi para a próxima safra
FOLHA DE S. PAULO
Entidades acusam polícia de abusos em ação no Rio
O ESTADO DE S. PAULO
Lula e ministros saem em defesa de Renan
O GLOBO
Polícia já planeja cerco a Rocinha e mais 4 favelas
JORNAL DO BRASIL
Confronto vai continuar

quinta-feira, 28 de junho de 2007

ADEUS "NO MÍNIMO"

O site NoMínimo (www.nominimo.com.br) está saindo do ar. Ainda que se torça para que na última hora os índios cheguem para salvá-lo da cavalaria fecha as portas no dia 30 com gosto de quero mais. Fugiram-lhe os patrocinadores. Fugiu-lhe a operadora de telefone que lhe dava lastro. Em cinco anos, desde que foi gestado nos porões da casa de Tutty Vasques, o NoMínimo consolidou uma espécie de jornalismo que se revelou rara nas redações. Talvez nunca tenha existido. Ali estavam profissionais de imprensa de renome, com larga experiência, produzindo um "jornaleco" no melhor sentido ivanlessiano.
Não era jornalismo alternativo, com aquele viés pôrraloca que se atribui por aí. Era jornalismo, ponto, de causar inveja aos assépticos matutinos que trazem hoje a notícia de anteontem. Valha-nos!
O NoMínimo era também mais do que isso. Era um fiel seguidor de outro site que revolucionou a teia em seus primórdios: o NO. (notícia e opinião). Foi ali que se gestou também, sem negaceio de ascendência e DNA, o que viria a ser o projeto NoMínimo de jornalismo opinativo, naquele estilo há muito enterrado em alguma cova rasa pelos paquidermes da mídia.
Gosto de imaginar, aqui sem os meus botões, que o NoMínimo traduzia um espírito de jornalismo perdido com a morte de Paulo Francis em 1997. Despojado e sem o compromisso de agradar Getúlios e Obdúlios - essa gentinha que nunca mostrou o seu valor.
Em coluna escrita no dia 23, Tutty Vasques, editor e, creio eu, principal estrela do site, chorou as pitangas com um texto que vale a pena ser reproduzido (aqui) e guardado com carinho.

Deixo um petisco:

"Vítima de minhas tentativas de fazer piadas – fui o primeiro a perceber, por exemplo, que Ziraldo estava ficando preto na mesma proporção que Michael Jackson embranquecia -, o cara virou dono de revista e me chamou para ser seu colunista. Fabuloso! É isso – e não o fracasso do projeto, a penúria dos proventos e algumas companhias meio esquisitas - que me ocorre contar sobre minha passagem por Bundas".

"De um ambiente de trabalho como este você jamais esquece: NoMínimo terá para sempre destaque entre as grandes paixões de minha vida. O fim, nesse caso, como nos outros que narrei acima, não é a morte. É hora de mudança. Este NoMínimo, do jeito que é agora, deixa de existir no próximo dia 30."

"Escrevo do dia 23, ainda temos conversas abertas com portais, patrocinadores e anunciantes, acreditamos em Deus de vez em quando... Um novo projeto pode germinar das gestões articuladas de nossa sala aos pés da santa cruz da Igreja da Glória, na mais fina companhia da VídeoFilmes e da revista “piauí”. O certo é que – melhor curtir logo este luto para se livrar dele – o NoMínimo, pelo menos com este nome e esta cara que aí está, será enterrado por contrato daqui a 7 dias, talvez até na véspera para não cair num sábado e estragar o fim de semana de ninguém."

OTIMISMO EM GOTAS

A cúpula da prefeitura está reunida nesse momento no salão de convenções do Parque Barigüi. O encontro é administrativo, mas o assunto campanha eleitoral é inevitável. No disse-me-disse, otimista por sinal, ganha corpo a avaliação de que Beto Richa deve repetir feito que desde 92 não se repete em Curitiba: ganhar a eleição no primero turno. A corrente positiva já começou.

SAI FERRANTE. ENTRA RUI HARA

Está confirmado. O secretário de Governo da prefeitura, Maurício Ferrante, deixa o cargo para assumir a Secretaria Municipal de Projetos Estratégicos, encarregada de tocar o projeto das PPPs – Parcerias Públicos-Privadas. Em seu lugar assume o deputado tucano Rui Hara.
Outra modificação: o diretor-geral da Diretran, coronel Gilberto Foltran, pediu demissão do cargo. O prefeito Beto Richa aceitou e já nomeou para a função Rosângela Battisttella, funcionária de carreira do município que ocupava a gerência de engenharia de trânsito do órgão.

VALHA-ME DIOS

Pois não é que um jornal venezuelano cunhou a seleção canarinha - isso antes da partida contra o México, porque agora é seleção "canalhinha" - e, por tabela, a todos nós brasileiros de "portentosos amazônicos"?
Escusas a Requião, a Lula, ao Raices da América, ao Machu Pichu do Samba, mas essa América Latina que vos fala não tem nada a ver com nosotros. Somos os marcianos daqui.

UMA LOMBADA PRA CHAMAR DE SUA

Em tom de galhofa, deputados da Assembléia estudam apresentar proposta para que a lombada localizada em frente à sede da Casa receba o nome de uma jornalista que completa, no próximo 10 de julho, bodas de prata na cobertura do dia-a-dia dos parlamentares. Gente, jornalismo é antes de tudo um sacerdócio.

DA LATINHA

A sessão que encerrou os trabalhos da Câmara Municipal no primeiro semestre foi marcada por uma "sabotagem". Durante discurso na tribuna de Custódio da Silva, o operador de som cometeu um erro e fez parecer que a voz do vereador saía de um radinho de pilha. Foi cômico. Melhor. Foi tragicômico.

ORAÇÃO DO AEROPORTO

Santo, Santo
Santos Dumont
Voai por nós

Quaquaquá.

QUERO SER MONICA


Bem-humorada, a corredora de Taguatinga, no Distrito Federal, debochou do presidente do Senado, Renan Calheiros. Se é para arrumar a vida, ela faz o sacrifício. E, ora ora, onde passa boi, passa boiada. Quaquaquá.

"DOUTOR" ALVARO DIAS

Deu no Cláudio Humberto: "O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) recebe nesta quinta, em San Diego, na Califórnia, o diploma de Doutor em Administração Governamental pela Southern States University. A solenidade será no Horton Grand Hotel".

OPERAÇÃO TUCANA

Nos bastidores da prefeitura circula a notícia de que o médico e deputado tucano Rui Hara pode vir a ocupar a secretaria de Governo, em substituição a Maurício Ferrante. A "cirurgia administrativa" teria um efeito colateral. Beneficiaria o terceiro suplente do PSDB, Luiz Malucelli, louco para assumir cadeira na Casa e, por tabela, credenciar-se para disputar vaga na Câmara Municipal em 2008.

O CANALHA EM CADA UM

Foi exatamente de desculpa em desculpa no desprezo das autoridades para com o público que se chegou ao estágio de barbárie que o país vive. As frases tanto de Marta ("relaxa e goza") como de Maluf ("estupra mas não mata") são profundamente emblemáticas desse desprezo. Tão emblemáticas que colaram.
Segue, portanto, o pai do jovem que espancou e roubou a doméstica, o exemplo canalha que vem de cima. Que importa os dramas que anônimos vivem nos aeroportos? Que relaxem e gozem.
Que importa que Sirlei tenha sido vítima de violência inominável? Ora, mas não há “crimes piores”?

Mais na coluna Toda Política desta quinta no JE.

AS MANCHETES DO DIA

JORNAL DO ESTADO
Oposição exige pente-fino na prestação de contas do governo
GAZETA DO POVO
Câmara derruba voto por lista fechada nas eleições
O ESTADO DO PARANÁ
Oposição pede auditoria nas contas do Paraná
FOLHA DE LONDRINA
Aumenta número de emprego formal
FOLHA DE S. PAULO
Ação policial mata ao menos 19 no Rio
O ESTADO DE S. PAULO
Operação no Rio deixa 19 mortos
JORNAL DO BRASIL
Guerra sem fim
O GLOBO
Polícia invade Alemão e mata 19

quarta-feira, 27 de junho de 2007

UM CASO A EXPLICAR





Apesar de ter negado, em nota, a participação em seminário "pago" em Foz do Iguaçu, que trataria do "Controle Interno" das administrações públicas, o presidente do Tribunal de Contas do Paraná, Nestor Baptista, continua a figurar como o principal convidado no site do Sindicato dos Contadores e Técnicos em Contabilidade de Foz do Iguaçu (www.sincofoz.com.br), um dos promotores do evento (vide folder acima).
Em contato com o sindicato, este blog conversou com o funcionário do Sincofoz, encarregado das inscrições, identificado como Fabrício, e este confirmou a participação de Baptista na palestra magna marcada para as 20 horas de hoje.
A assessoria de imprensa do presidente do TC, contudo, nega a informação e diz que Baptista teria enviado um comunicado informando que não participaria do evento.
Determinação do Tribunal de Contas do Paraná veda a participação de qualquer funcionário do órgão em cursos remunerados. De acordo com Baptista, o TC promove cursos oficiais durante o ano, cujo público-alvo é de legisladores municipais. Os cursos são obrigatoriamente gratuitos.

Leia aqui a coluna Toda Política que tratou do assunto.

TEM FUMAÇA...

Os integrantes da CEI do Pedágio, que vai se debruçar sobre o valor das tarifas praticado nas 27 praças do anel de integração do Paraná, estão praticamentes definidos. Dos 11 nomes, foram escolhidos o presidente da comissão, Fábio Camargo (PTB), e outros seis membros: Ney Leprevost (PP), Fernando Ribas Carli (PSB), Plauto Guimarães (DEM), Miltinho Puppio (PSDB), Fernando Bührer (PSDB) e Luiz Carlos Martins (PDT). Falta a indicação de mais quatro deputados: três do PMDB e um do PT.

...E TEM FOGO

Camargo descarta as insinuações de membros da oposição de que a comissão faria parte de uma manobra diversionista encomendada pelo Palácio Iguaçu para que a mídia não concentre suas atenções sobre a CEI da Publicidade, que vai investigar os gastos em publicidade da trupe requianista. Diz que a obra é uma “inspiração individual”.

O fotógrafo da Folha de S. Paulo, Lula Marques, captou as duas imagens abaixo. Na primeira, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), lê bilhete entregue pelo colega encrencado Renan Calheiros (PMDB-AL).

O texto é o seguinte: “Arthur: Precisamos resistir ao esquadrão da morte moral. Quem me conhece, sabe do meu comportamento. Para punir alguém, é preciso ter quebra de decoro e prova. Fora disso é imprensa opressiva. Você precisa me ajudar. Renan."

Na segunda imagem registrada, Virgílio rasga o bilhete. Tarde demais. O fotógrafo já havia conseguido clicar seu conteúdo.
Se Virgílio "tucanar" - e você sabe qual é o significado do verbo - hoje, na reunião do Conselho de Ética do Senado, ficará claro que ele resolveu atender o apelo do colega honrado, negociante de gado bem sucedido e homem público acima de tudo. Renan, ora ora, é, no fim das contas, mais uma vítima da "imprensa opressiva" que atende também pelo nome de "esquadrão da morte".
Mas se é mesmo o caso de "demonização" por que então o presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-AC), aquele que segundo o blogueiro Josias de Souza presidia para ser presidido, resolveu pular fora quando o barco mostrou irremendável buraco?
O melhor que Renan deveria fazer a essa altura era pedir licença do cargo, mas lá com seus botões, ele deve pensar. "Se não arredei do cargo até agora...". Comenta-se que o senador até adotou o lema de Marta Suplicy: "relaxar e gozar". Mas, ei Renan, vê se usa camisinha dessa vez!

PIADINHA INFAME

Comentário de um jornalista da ESPN Brasil sobre a partida Venezuela e Bolívia (2 a 2), anteontem, pela Copa América:

"Foi um jogo Chávez para levantar a Morales das duas equipes".

Quequequé.

ENQUADRADO

Desta vez o governador Roberto Requião não conseguiu escapar do Oficial de Justiça. Ontem foi obrigado a assinar a intimação que obriga o estado do Paraná a devolver a área desapropriada da Syngenta em Santa Tereza do Oeste. A multa, em caso de desobediência, é salgada, diária e dói no bolso do governador.

DEU XABU

Foi um traque (de novo) a tentativa do deputado Osmar Serraglio (PMDB) de incluir em Medida Provisória uma emenda que suspendesse a multa de R$ 4,5 milhões mensais imposta pela Secretaria de Tesouro Nacional ao estado do Paraná. Serraglio esperava ontem uma resposta do ministro Guido Mantega (Fazenda) Em vão. Ontem, a MP 369, que tratava de questões portuárias, e na qual o deputado pretendia acrescentar a emenda, foi votada e aprovada sem o enxerto.
A uma emissora de rádio, Serraglio disse que ainda não desistiu. "O caminho é esse. É mais simples e mais rápido incluir uma emenda nas medidas provisórias editadas pelo governo do que apresentar um projeto de lei. Nesse caso, você entra num ritmo de meses e até de anos", afirmou.
Em outra frente, o senador Osmar Dias (PDT), designado como relator da MP 368, que trata da redistribuição de recursos da Lei Kandir, tenta também incluir a emenda para eliminar a multa aplicada ao estado por conta da venda de títulos podres do Banestado, após ser privatizado e passar para as mãos do Itaú. Sim, paranaenses, a luta continua.

DE RATOS E RATÕES

O líder da oposição na Assembléia, Valdir Rossoni (PSDB), usou o termo canalha para definir o secretário de Comunicação Social do governo, Airton Pisseti, e – ó coincidência – o colunista Arnaldo Jabor sentou a pua no tema. Abaixo trechos selecionados:

A TEORIA DO CANALHA
Eu não sou um canalha, eu sou o canalha. Tenho orgulho de minha cara-de-pau, de minha capacidade de sobrevivência, contra todas as intempéries. Enquanto houver 20 mil cargos de confiança no país, eu estarei vivo, enquanto houver autarquias dando empréstimos a fundo perdido, eu estarei firme e forte.
Homens e mulheres vêem-me com gula: 'Olha, lá vai o canalha....!' - sussurram fascinados por meu cinismo sorridente, os maîtres se arremessando nas churrascarias de Brasília, e eu flutuando entre picanhas e chuletas, orgulhoso de minha superioridade sobre o ridículo bom-mocismo dos corretos.
O Brasil precisa de mim. Eu tenho um cinismo tão sólido, um rosto tão límpido que me emociono no espelho; chego a convencer a mim mesmo de minha honestidade, ah! ah!...
Eu não sou um malandro - não confundir. O malandro é romântico, boa-praça; eu sou minimalista, seco, mais para poesia concreta do que para o samba-canção.
Ultimamente, apareceram os canalhas revolucionários, que roubam 'em nome do povo'. Mas eu, não. Sou sério, não preciso de uma ideologia que me absolva e justifique. Não sou de esquerda nem de direita, nem porra nenhuma. Eu sou a pasta essencial de que tudo é feito, eu tenho a grandeza da vista curta, o encanto dos interesses mesquinhos, eu tenho a sabedoria dos roedores.
Eu acho a democracia uma delícia. Eu fico protegido por um emaranhado de leis malandras forjadas pelos meus avós. E esses babacas desses jornalistas pensam que adianta esta festa de arromba de grampos e escândalos.
Este país foi criado na vala entre o público e o privado. Florescem ricos cogumelos na lama das maracutaias. A bosta não produz flores magníficas? Pois é. O que vocês chamam de corrupção, eu chamo de progresso. Eu sou antes de tudo um forte!."

Leia na íntegra aqui.
(Artigo de Arnaldo Jabor transcrito de O Globo, dia 26 de junho de 2007)

SE ESTAVA DEVAGAR, PAROU

Mais uma tática no caso Renan Calheiros paralisou o Ssenado. O conselho de ética, que já não tinha relator, agora não tem presidente para conduzir o processo. O senador Sibá Machado (PT-AC) renunciou ao cargo. O motivo? O senador diz que houve interferência política no trabalho dele, mas a oposição deu outra explicação. O processo contra o presidente do Senado sofre um atraso significativo. Em alguns dias, o Congresso entra em recesso, e atrasar as sessões no conselho de ética faz parte da manobra do PMDB para livrar Renan – é o que diz a oposição. O vice-presidente do conselho, senador Adelmir Santana (DEM-DF), assume o posto interinamente. A reunião de hoje está mantida.