VIROU PAPEL PICADO
A coluna Toda Política desta segunda-feira no JE.
Há pelo menos um mês funcionários do Palácio Iguaçu dedicam boa parte do expediente a rasgar uma quantidade imensa de material de propaganda requianista. São cadernos e folhetos impressos em quatro cores e com finalidade diversa. Estão lá títulos como “O Porto é Nosso”, “Rotulagem dos Transgênicos”, “Viva o Verão Notícias”, além de um balanço 2006 de realizações do governo com impressionantes 60 páginas.
A decisão de eliminar o material foi tomada quando se determinou a mudança dos setores lotados no Palácio Iguaçu para o novíssimo Palácio das Araucárias. Temendo que o material pudesse cair nas mãos da Oposição e do Tribunal de Contas do Paraná, ordenou-se sua eliminação meticulosa.
Uma sala reservada no GAS (Grupo Administrativo Setorial) da Comunicação Social foi reservada para o trabalho. Diariamente, um grupo de servidores reveza-se rasgando o material um a um em até seis partes.
Há duas semanas, segundo relato de uma fonte, um caminhão carregou meia tonelada de papel picado em operação na calada da noite. O chefe do GAS, Maurício Noeremberg de Lima, é o coordenador do trabalho. É dele também a função de recolher todos os jornais inscritos no “índex” (lista de leitura proibida) que chegam ao Palácio. Entre eles “O Estado do Paraná”, o tablóide “Impacto” e este “JE”, que são vendidos como papel velho e o dinheiro revertido para a “campanha beneficente” de um feliz funcionário de alto escalão.
No caso dos impressos luxuosos há suspeitas fundamentadas de que tenham sido objeto de “reimpressão” – um artifício usado para justificar faturas de soma vultuosa encaminhadas ao Tribunal de Contas.
A ordem era para que o serviço estivesse concluído até a sexta-feira passada, mas há pouca esperança de que esse prazo seja cumprido, uma vez que existem pilhas de material amontoadas em diversas salas da Comunicação Social e um número restrito de funcionários submetidos à “eliminação de provas”.
O Jornal do Estado tentou em vão registrar o “trabalho”, na semana passada. Foi impedido por dois agentes de segurança, orientados para esse fim. Não é motivo de espanto, diga-se. Nada mais natural para um governo que sempre agiu às escondidas.
Um comentário:
Tá mais do que explicada a diferença de votos que levou Requião ao segundo mandato e a atual crise institucional do Estado com as suas consequências naturais. Mandar picotar jornais que não falam bem do governo e picotar material institucional não é novidade e é a cara deste governo.
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