domingo, 27 de maio de 2007

INDIGESTO

A programação esportiva tem horário cativo na tv aberta, justamente na hora do almoço. As últimas do futebol sempre vem acompanhadas de arroz, feijão, bife e batatinha. Porém está cada vez mais difícil de engolir os programas de esporte na hora da refeição.
Zapeando pelos canais as opções não são poucas. Assim que ligamos a televisão nos deparamos, em ordem crescente, com uma loiraça dos pampas. Infelizmente ela não está só. É rodeada de três ex-jogadores que resolveram atacar de comentaristas. Neto, o falastrão egocêntrico. Marcelinho Carioca, o oportunista. E MÜller, que atende pela alcunha de ”o profeta”, mas com certeza deve ser algum trocadilho de mau gosto. Todos tendenciosos, não escondem suas preferências pelos seus ex-clubes. Conseguem deixar em segundo plano o excelente Mauro Beting, Que resume seus comentários a gargalhadas, diante da fanfarrice que toma conta do debate. Em um programa transmitido em rede nacional, é visível o desconhecimento dos comentaristas acerca do futebol fora de São Paulo. Não bastasse isso, são muitas as intervenções da loiraça. Mas somente para passar um número de telefone, que não é o seu, para o telespectador concorrer a “prêmios fantásticos”. Quem já assistiu ao programa ao menos uma vez já sabe de cabeça o número tamanha a quantidade de vezes que ele é repetido ao longo de uma hora.
Quando já estamos quase fazendo um interurbano para celular, optamos por mudar de canal. Aí é a vez dos três patetas. Moe, Curly e Larry querem muito mais divertir do que informar. A fórmula, criada em Minas Gerais, de três torcedores dos principais times do estado provocando-se ao vivo fez sucesso em Curitiba. O programa já perdura por anos, e ainda ganhou a concorrência de outros dois que seguem a mesma linha. Felizmente um deles foi cancelado. E durante todos estes anos os torcedores de Coritiba, Atlético e Paraná foram substituídos. Mas tudo continuou igual. São todos sempre ligados às facções desorganizadas de seus clubes. Pregam a paz entre as torcidas, enquanto exaltam os maiores causadores de problemas nos estádios. Com isso acabam falando em nome da minoria. Como todo torcedor, são apaixonados. Seus comentários são os mesmos daquele amigo coxa branca, atleticano ou paranista. Precisa-se do mínimo de formação, ou pelo menos informação, para comentar. Para torcer não precisa nada disso. Às vezes vale alguma risada. Nada mais.
Depois dos clones do programa humorístico, encerramos o almoço com o tradicional Globo Esporte. Diferente dos outros não promove nenhum debate, riso ou qualquer tipo de promoção. É puramente informativo. Não especula, nem discute. Ótima oportunidade para ver os gols da rodada e os destaques das principais partidas. Infelizmente seu tempo no ar é muito curto. Dificilmente as reportagens fogem do eixo Rio-São Paulo. Devido ao horário de transmissão é muitas vezes um digestivo. Mas como todos os outros, costuma provocar acidez.
Os carentes, apaixonados por esporte, clamam por subsídios do governo para instalação de redes de televisão por assinatura. Seria uma economia para a saúde pública. Que sofre com a freqüência de torcedores ávidos por purgantes e afins. A situação é crítica. Daqui a pouco sentiremos saudades do Fernando Gomes. Daí é um caso clínico.

Nenhum comentário: