CONVERSA MOLE
O abre da coluna Toda Política desta quarta-feira no JE.
Comecemos com a frase-lorota do líder do governo na Assembléia, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB): “Como democrata eu repudio o voto de repúdio”.
Ok, você deveria estar careca de saber (ops). Este é o mesmo Romanelli que diz que o governo Requião é inspirado em Guevara, Prestes, Lamarca, Bolívar e qualquer outro libertador de mictório que tenha levantado a bandeira e baixado o pau (ou o cacete, se ofende ouvidos pudicos).
A composição retórica do peemedebista foi uma maneira “democrática” encontrada por ele para censurar o voto de repúdio ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que acaba de fechar o principal canal de TV da Venezuela, sob o argumento de golpismo. Chávez é um fanfarrão deprimente com uma legião de seguidores no Paraná. Entre eles, Requião, Romanelli, Pugliesi e a penca de barnabés comissionados que se lambuzam com o dinheiro público.
Mas há que se concordar com a defesa de Romanelli ao venezuelano. Afinal, a democracia requianista é absolutamente compatível com a democracia chavista. Democracia, aliás, que ronda o último canal oposicionista da Venezuela, o Globovision, sob o pretexto (outro) de ter feito uma montagem relacionando o atentado contra o Papa João Paulo II, em 1981, a uma canção chamada “Isso Não Acaba Aqui”.
A mesma democracia chavista que também quer tirar do ar a CNN por que exibiu num documentário sobre os inimigos de George W. Bush as imagens de Chávez e Bin Laden lado a lado.
Deveria ser motivo de piada. Não é. Lembremos aqui que Larry Rohter, o correspondente do New York Times no Brasil, quase foi expulso do país por ter publicado reportagem tratando das preferências etílicas de Lula. Mas daí seria ampliar o leque de boquirrotos da democratura de sarau.
O programa de David Letterman, na segunda-feira, trouxe uma vinheta satírica sobre o motivo de Bush não ter rebatido as críticas ácidas do ex-presidente Jimmy Carter contra o seu governo. Um copo de cerveja e uma imagem distorcida ajudaram na explicação. Bush não lembra absolutamente nada do que aconteceu entre 1977 e 1981. Quaquaquá. Expulsem David Letterman!
No caso paroquiano, o tal “espírito democrático” de Romanelli que o impede de votar o repúdio às ações claramente anti-democráticas de Chávez, é o mesmo que, do outro lado da praça do poder, no Centro Cívico, impede que certos jornais sejam lidos nas repartições ou que o clipping (resumo de notícias) contenha recortes de publicações inscritas no catálogo proibitório, pelo motivo frugal (em uma democracia de verdade) de não rezar pela cartilha do governante de plantão. Quem não sabe lidar com o contraditório não sabe o que é democracia. Eis uma lição que Romanelli deveria aprender.
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